Ernesto Panigua
«Em 1585, Ernesto Panigua volta à sua Andaluzia natal, vindo do Levante. Traz na arca alguns tesouros, traz no corpo um membro a menos. A batalha de Lepanto roubara-lhe um braço. Partilha essa infelicidade com uma figura grada, gradíssima, não outro que Cervantes, seu companheiro de batalha. Segundo testemunhos coevos, Panigua salvou a vida do grande escritor ao cair sobre ele num momento aceso da refrega, impedindo assim que um projéctil turco o atingisse. O próprio Cervantes refere Panigua em correspondência trocada com Alcalá de Rindo, seu amigo de infância, descrevendo-o como um 'bonacheirão e rubicundo homem, mais lesto na mesa que na espada'. A influência de Panigua parece assim ter sido dupla: permitiu a Cervantes sobreviver a Lepanto e escrever a sua obra magna, e tê-lo-à provavelmente inspirado na criação da figura de Sancho Pança. Ernesto Panigua morreu em Talazar, perto de Sevilha, em 1589, vítima duma otite.»
O texto acima foi gentilmente cedido pelo autor, Manuel Laranjeira.
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