19 de abril de 2006

Burolimbo

Todos temos momentos de fraqueza. Momentos em que acreditamos na boa vontade das gentes e na bondade das máquinas burocráticas. Sim, eu sei, é candura a mais. Mea culpa. Mea culpa.
Em meu abono posso alegar a boa disposição matinal, a energia prestes a transbordar após uma noite bem dormida e sem preocupações.
Objectivo? Uma certidão de domicílio fiscal.
É canja, pensei. Chego às Finanças, espero um pedaço, a simpática funcionária - ou o cortês funcionário - diz sim senhor, é para já, e saio ufano com um pedaço de verdade certificada nas mãos.
Oh como me enganei! Santa ingenuidade!
Durante a espera, ainda antes de me confrontar com a dura realidade burocrática, pude observar o deleite de uma funcionária sádica, baba metafórica a escorrer no canto da boca enquanto recusava sorridente todos os pedidos submissos dos cidadãos-carneiros prontos para a matança com sêlo branco.
A minha certidão?
Parece que vai demorar dez dias.
Dez dias para afirmar preto no branco que moro onde moro.
Vai ser reconfortante olhar para o papel e ter a certeza.